Médicos retomam greve e realizam uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde
Escrito por Ana Sofia Figueiredo em Outubro 17, 2023
A paralisação, organizada pela Fnam, ocorre cinco dias após a reunião dos sindicatos com o Ministério da Saúde.
Os médicos iniciaram uma greve de dois dias à meia-noite desta terça-feira e planeiam manifestar-se à tarde em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, com o objetivo de tornar “a defesa da carreira médica e do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sejam uma realidade”, de acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
Essa paralisação, que abrange todos os médicos, ocorre cinco dias após uma reunião dos sindicatos com o Ministério da Saúde, e uma nova rodada de negociações está agendada para quinta-feira. A Fnam destaca que a greve visa fazer uma “fazer uma viragem crucial para salvar a carreira médica e o SNS”.
“Nos últimos 18 meses as políticas de saúde praticadas pelo Ministério de Manuel Pizarro têm sido desastrosas, com um arrastar de negociações em negociações sem chegar a um acordo com soluções reais para os médicos do SNS”, afirmam em comunicado.
Os médicos têm expressado descontentamento com greves e apresentação de cerca de 2.500 minutas de declarações de dispensa para trabalhar em horas extraordinárias, além das 150 horas anuais obrigatórias. Isso tem causado problemas nos serviços de urgência de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Federação Nacional dos Médicos
Para a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), não é justificável solicitar que os médicos realizem ainda mais trabalho suplementar além dos limites legais. Assim, a jornada diária de trabalho estende-se para nove horas, incluindo o trabalho aos sábados como horário normal ou eliminando o direito ao descanso compensatório após uma noite de serviço num novo regime de trabalho imposto.
Além disso, a Fnam enfatiza a importância de uma atualização salarial aplicada de forma igualitária a todos os médicos, sem desigualdades. O Ministério da Saúde propôs um suplemento mensal de 500 euros para médicos que realizam serviços de urgência. Para além disso, a possibilidade de optar por 35 horas semanais na proposta apresentada aos sindicatos na semana passada.
A Fnam reconhece a disposição do Ministério da Saúde para reconsiderar suas intenções, mas argumenta que é necessário avançar com uma proposta que incorpore as reivindicações dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Por estas razões, a Fnam decidiu manter a greve de dois dias e convidou várias organizações, incluindo o Sindicato Independente dos Médicos, os Médicos em Luta, as associações de utentes e a Ordem dos Médicos, para se unirem na manifestação desta terça-feira à tarde. O objetivo é continuar a exigir a implementação de um programa que efetivamente permita a fixação de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Já se confirma a participação na reunião agendada pelo Ministério da Saúde para quinta-feira. Assim, esta terá como finalidade a esperança de chegar a um acordo histórico que esteja à altura de preservar a carreira médica e o SNS.