Em Pinhal Novo, quatro membros da GNR estão a enfrentar acusações por homicídio
Escrito por Ana Sofia Figueiredo em Setembro 22, 2023
O Ministério Público (MP) apresentou uma acusação formal contra quatro membros da GNR de Setúbal, acusando-os de homicídio em coautoria, devido à morte de um homem durante uma operação tática policial que aconteceu em Pinhal Novo, em dezembro de 2021.
A vítima, de 62 anos, Alcílio Gomes, estava a ser procurado pelas autoridades porque tinha disparado contra militares da GNR de Palmela. Estes tinham ido à sua casa para confiscar uma arma, como parte de uma investigação criminal por ameaças.
O homem foi morto enquanto segurava uma espingarda e enfrentava os militares na zona rural da Fonte da Vaca. Ele recebeu repetidos avisos para baixar a arma, mas não obedeceu às ordens e acabou por ser abatido. O Ministério Público (MP) alega que a morte poderia ter sido evitada e que os militares poderiam ter usado meios não letais para imobilizar o suspeito. Além dos quatro militares envolvidos, o comandante da GNR de Setúbal, que estava encarregado das operações, também está a ser processado.
O incidente ocorreu na área de Aceiro José Camarinho, no Pinhal Novo. Por volta das 11h30, os militares do Núcleo de Investigação Criminal de Palmela foram à casa do suspeito com um mandado de busca e apreensão, em resposta a denúncias de ameaças com arma de fogo feitas por vizinhos e familiares do suspeito. Alcílio Gomes vivia sozinho, não tinha antecedentes criminais, desconsiderando-o perigoso pelas autoridades até então.
Quando os militares chegaram à casa do suspeito, foram surpreendidos por tiros de uma espingarda vindo do interior da residência do suspeito, disparados na direção deles. Felizmente, ninguém foi atingido, e o homem conseguiu escapar com a arma em sua pose.
A GNR organizou uma operação tática policial e isolou toda a área rural da Fonte da Vaca, inclusive impedindo os residentes das poucas casas próximas de sair às ruas. Recursos da Unidade de Intervenção, como o Grupo de Intervenção e Operações Especiais (GIOE), o Grupo de Intervenção e Ordem Pública (GIOP) e o Grupo de Intervenção Cinotécnica (GIC), foram mobilizados para realizar uma busca pelo suspeito.
Aproximadamente três horas depois, uma patrulha encontrou o suspeito a cerca de dois quilómetros da sua residência, numa área aberta e cercada por vegetação. Quando percebeu que tinha sido localizado, o suspeito levantou a arma na direção dos militares. Os militares repetidamente ordenaram que ele largasse a arma, mas diante de sua recusa, abriram fogo, alegando agir em legítima defesa para neutralizar a ameaça, de acordo com o relato da GNR na época.
O suspeito recebeu assistência imediata da Equipa de Resposta à Crise do INEM, que estava a apoiar a operação da GNR, e dos Bombeiros Voluntários do Pinhal Novo.
No entanto, ele acabou por falecer no local.