“Perdi o meu pai, o meu filho ficou doente, vivi meses num hospital”
Escrito por Margarida Oliveira em Novembro 13, 2024
O desabafo inspirador do escritor.
“2024 foi uma merda; mas nenhum ano foi tão decisivo para saber quem sou. Mais ainda: para saber quem quero ser. Ainda mais: para saber quem não quero ser”, continuou.
O filho do escritor viveu uma dolorosa experiência com o filho Benjamim que foi submetido a um transplante de fígado, em junho, depois de ter sido diagnosticado, aos três meses de idade, com deficiência de alfa-1antitripsina.
“A dor maior, absoluta, a que não temos como evitar que nos consuma, é a sabedoria primordial: o regresso ao começo. Sei limpidamente a porcaria que fiz, quem magoei, como magoei; não mais a farei. Sei perfeitamente o que fiz bem; e farei tudo para o fazer cada vez mais, cada vez melhor. Sei absolutamente que pessoa quero ser, que caminhos quero percorrer, que caminhos jamais voltarei a conhecer. Vou continuar a errar; Deus me livre das pessoas perfeitas. Mas não voltarei a falhar no que percebi, no meio da tempestade, que não poderia ser o que eu sou, o que eu quero ser; o que, sei-o agora, consigo ser”, disse ainda.
“Não desejo a ninguém, ninguém mesmo, o que vivi. O ódio, foi outra das coisas que aprendi, é uma tolice sem igual; fazer o mal a que nos fez mal é o mal gratuito; nada justifica fazer o mal, nada, nada. Mas desejo a toda a gente que, de uma maneira ou de outra, consigam chegar a este tipo de visão de si mesmos. É de pessoas que conseguem ver-se bem que se faz um mundo melhor. Boa sorte a todos nós”, escreveu por fim.