Joaquim Ferreira é um dos investigadores mais citados do mundo
Escrito por Inês Ferreira em Novembro 12, 2023
“Tive o privilégio de me cruzar e ser formado por pessoas ‘brilhantes’ e generosas”, diz o neurologista torriense.
O Prof. Joaquim Ferreira, Diretor Clínico do Campus Neurológico Sénior (CNS) e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, encontra-se no grupo dos 2% de investigadores mais citados no mundo ao longo do último ano, segundo um ranking da Universidade de Stanford.
Natural de Torres Vedras, o neurologista foi citado 1.100 vezes. O ranking “World’s Top 2% Scientists List” toma em consideração o trabalho de mais de oito milhões de cientistas em todo o mundo.
Medicina
A medicina surgiu na sua vida por resultado de ter sido bom aluno na escola secundária, e consequentemente ter conseguido escolher um curso com uma nota de admissão alta.
“Na altura, as duas opções eram a medicina ou a física e acabei por optar pela primeira. Com honestidade, o gosto pelo exercício da medicina só apareceu mais tarde e hoje posso confessar que me sinto muito satisfeito com a decisão que tomei”, afirmou Joaquim Ferreira, em declarações à ON FM.
Sobre o sentimento de estar na lista dos investigadores mais citados do mundo, o neurologista acredita que estas métricas refletem muito mais do que apenas o seu mérito pessoal. “Refletem que ao longo do tempo tive o privilégio de me cruzar e ser formado por pessoas “brilhantes” e generosas, que me abriram imensas portas”, disse.
“Posteriormente fui capaz de me rodear de pessoas muito talentosas, muitas deles muito melhores do que eu, e que fizeram crescer os projetos que iniciei (…) Por último, refletem também o privilégio de ter uma família fantástica, que me permite de forma “egoísta”, dedicar-me a esta combinação de atividade clínica, investigação e responsabilidades académicas, com o claro prejuízo do tempo e da atenção que sei não lhes dedicar!”, continuou.
As suas principais áreas de interesse são a doença de Parkinson, doenças do movimento, farmacologia clínica, distonias, Doença de Huntington e educação médica. Sobre as investigações que já realizou, Joaquim Ferreira revela que tem dificuldade em selecionar “O” projeto que teve mais impacto.
Contudo, “as publicações em que apresentamos os resultados de novos tratamentos que vão ser benéficos para muitos doentes acabam por ter mais impacto na comunidade científica e também nos doentes. Felizmente, como resultado de algumas das colaborações em que participo, tive a felicidade de ter contribuído para o desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento da Doença de Parkinson”, contou à ON FM.
Carreira e Percurso
Segundo Joaquim Ferreira, o momento que mais marcou a sua carreira académica e científica “foi ter sido convidado para começar a fazer investigação no Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria, a convite do Prof. Alexandre Castro Caldas e da Prof. Cristina Sampaio. Esse primeiro contacto com a investigação sucedeu quando ainda era aluno na Faculdade. Foram as pessoas que me ensinaram o ABC da ciência e que me abriram as portas das áreas científicas e clínicas em que ainda hoje trabalho. Se não tivesse tido a sorte desse encontro, seguramente, o meu trajeto teria sido diferente e menos estimulante”, revelou.
Questionado se está orgulhoso do seu percurso, o diretor clínico do CNS refere que existe sempre uma satisfação associada a este tipo de reconhecimentos. “Este reconhecimento é também importante para trazer visibilidade para o nosso grupo de investigação e desta forma podermos obter apoios para novos projetos. É também uma oportunidade para agradecer publicamente a todos os que trabalham comigo e são fundamentais para esta produção científica”, disse.
“Por outro lado, e também fruto desta atividade, temos o privilégio de conviver com ‘os melhores’ nas áreas onde trabalhamos. E esta proximidade com quem é ‘verdadeiramente’ muito bom força-nos a manter a humildade e a sensatez. Em contraponto, o lidarmos todos os dias com pessoas com doenças progressivas e ‘más’ não nos permite esquecer a nossa pequenez e obriga-nos a manter uma atitude humilde perante situações de “sofrimento” em que ainda não conseguimos ajudar, acrescentou o neurologista torriense.